Da forma mais dramática possível, Real empata nos acréscimos do tempo normal e goleia na prorrogação.

Por Vladimir da Costa

E o imponderável aconteceu. Uma partida limpa, disputada e dramática, se assim podemos descrever o jogo entre Atlético e Real. O atlético jogou melhor a partida quase inteira. Diego Costa entrou em capo para fazer número em menos de 8 minutos, saio e mesmo assim o colchoneros seguiam melhor na partida. Com forte marcação e saindo em velocidade no contra-ataque, o lado “pobre” de Madrid, foi eficaz. Mas o futebol tem dessas coisas, não precisa de muito para a história mudar de lado. Foram 120 minutos de drama.

Livre, Sergio Ramos cabecei para empatar a partida nos acréscimos do segundo tempo

Livre, Sergio Ramos cabeceia para empatar a partida nos acréscimos do segundo tempo. (Foto: Reuters/Sergio Perez)

Foi preciso se igualar à raça do Atlético e deixar tudo o que tinha em campo para golear de virada os colchoneros na prorrogação, por 4 a 1, no Estádio da Luz, em Lisboa, em uma inédita final entre dois times da mesma cidade.

A partida

A confirmação de Diego Costa como titular parecia uma esperança extra para o time que, sem heróis, via no brasileiro uma oportunidade real de vitória, esperança minada logo aos oito minutos, quando o atacante sentiu a contusão e saiu de campo.

Mesmo com o considerável desfalque o atlético seguia melhor. Marcando no campo adversário sem Ronaldo em ação, o Atlético dominava o meio campo adversário.

E o provável aconteceu. Após cobrança de escanteio. A bola já estava perdida e aparentemente não havia mais perigo de gol, mas no rebote, ao jogar a bola novamente para a área, o goleiro Iker Casillas decidiu sair para tentar interceptar o novo cruzamento. Casillas ainda correu e quase salvou a bola em cima da linha, mas logo quando caiu já viu os jogadores adversários em êxtase.

O Real Madrid, sentia a partida abaixo da média do português Cristiano Ronaldo. Ele foi anulado no primeiro tempo e pouco tocou na bola. Chegou a armar algumas jogadas de contra-ataque quando ganhou na superioridade física. No segundo tempo ainda apareceu mais, mas não o suficiente para ser lembrado pelas glórias da carreira.

Godin ariu o placar para o Atlético ainda no primeiro tempo. (Foto:/Paul Hanna/ Reuters)

Godin abriu o placar para o Atlético ainda no primeiro tempo. (Foto:/Paul Hanna/ Reuters)

A equipe merengue não chutava a gol. Sem o CR7, coube a Di María para arrancar as melhores oportunidades do time e levantar a torcida com seus dribles empolgantes e futebol mais técnico que seus parceiros.

Apesar disso, a primeira boa chance de gol veio do lado “rico” da cidade. Quando o Real conseguia chegar perto do gol do Atlético, não tinha espaço.

Assim, aos 35 minutos, Gabi cobrou, Varane afastou, e na sobra frontal Juanfran colocou de novo para a área pelo alto. Na marca do pênalti, Godín subiu mais do que Khedira, cabeceou forte e aproveitou a saída em falso de Casillas. A bola encobriu o goleiro e só não foi de imediato para o fundo da rede porque o camisa 1 ainda conseguiu pular nela para tentar evitar o gol. Só que foi muito tarde. A vantagem deixou o Atlético ainda mais forte para a disputa do segundo tempo.

O Atlético voltou melhor no segundo tempo também. Em uma primeira oportunidade, quase ampliou o placar com estilo, quando Koke cruzou bonito para Raúl García pegar de primeira dentro da área, longe do gol.

Depois que Marcelo entrou, tudo mudou. O Real melhorou e o lateral deixou o dele. (Foto: EFE/EPA/JOSE SENA GOULAO)

Depois que Marcelo entrou, tudo mudou. O Real melhorou e o lateral deixou o dele. (Foto: EFE/JOSE SENA)

Ancelotti parecia aflito e decidiu mudar. O técnico colocou um time mais ofensivo em campo ao trocar Fabio Coentrão pelo brasileiro Marcelo e Khedira, por Isco. |A partir dai começou a pressão. O Real perdeu um gol claro após Cristiano Ronaldo e Benzema furarem cruzamento na área, aos 16 minutos. A partida ganhou nova cara, mas o Real Madrid despediçava as poucas chances que tinha. Bale também tinha dificuldades em acertar o alvo. O galês, que custou 91 milhões de euros ao Real Madrid, e já havia desperdiçado a melhor oportunidade do time na primeira etapa, perdeu duas chances claras de empatar o jogo, aos 28 e aos 32, e irritou a torcida merengue.

O Real seguia firme e foi recompensado por isso, intensificou a pressão nos últimos minutos e, quando tudo parecia acabado, e o Atlético tinha uma mão na taça, aos 48 minutos do segundo tempo, Sergio Ramos arrancou o gol de empate. O zagueiro que jogava como atacante subiu sozinho para cabecear escanteio cobrado por Modric e colocar a bola no cantinho, inalcançável para Courtois.

Com vários jogadores mancando no primeiro tempo da prorrogação a criatividade foi comprometida e, por isso, um jogo truncado no meio não permitiu grandes chances brilhantes nos primeiros 15 primeiros minutos.

Bem diferente dos últimos 15 minutos. Ainda motivado pelo gol no último minuto do segundo tempo e com Di Maria, eleito melhor em campo, que veio o gol que mudou toda a história. O argentino fez grande jogada, que terminou na cabeça de Bale, para fazer  2 a 1. Abalado, o Atlético abriu a porteira para o grande campeão passar. Marcelo, em jogada individual, fez o terceiro.

Com as duas mãos na taça e com o Atlético totalmente entregue o golpe final não poderia ter vindo de outra pessoa. Em casa, o português Cristiano Ronaldo finalizou, de pênalti, o trunfo sofre o esforçado e sem pernas atlético de Madrid. Em um jogo maluco e de alto nível, desses que só a Liga dos Campeões parece capaz de proporcionar, o Real Madrid se sagrou campeão pela décima vez.

Cristiano Ronaldo, mesmo jogando mal, fez o seu e decretou a goleada e o décimo titulo do Real Madri na Champions League. (Foto:AP Photo/Manu Fernandez)

Cristiano Ronaldo, mesmo jogando mal, fez o seu e decretou a goleada e o décimo titulo do Real Madri na Champions League. (Foto: AP Photo/Manu Fernandez)