Na despedida de Luis Fabiano, tricolor vira nos últimos três minutos e se mantém no G4.

Por Vladimir da Costa

Depois de sofrer derrota histórica contra seu maior rival, o São Paulo voltou para atuar em frente a sua torcida contra o Figueirense e venceu uma partida maluca.

Fabuloso fazia sua última partida com a camisa tricolor. Com 352 jogos pelo São Paulo e 212 gols marcados, terceiro maior artilheiro do São Paulo, o Fabuloso abriu o placar e foi beijar o escudo da equipe que o projetou para a seleção Brasileira.

Fabuloso não segura as lagrimas em sua última partida no Morumbi. (Fabuloso não segura as lagrimas em sua última partida no Morumbi. (Mauro Horita/AGIF))

Fabuloso não segura as lagrimas em sua última partida no Morumbi. (Mauro Horita/AGIF))

Na metade do segundo tempo, para o final, a torcida passou a vaiar e mostrar toda sua insatisfação com os jogadores. Reclamando de tudo e de todos, os jogadores dentro de campo erravam mais passes que o comum.

Porém, o futebol é imprevisível e apaixonante. Com quatro minutos de acréscimo, o tricolor fez o improvável. A partir dos 43 minutos, o Figueirense teve a chance de ampliar, mas Denis pegou. Depois, foi a vez de Luis Fabiano perder uma chance, mas Alan Kardec empatou a partida aos 46 minutos e dois minutos depois, Thiago Mendes fez um golaço, no último lance e garantiu a vitória tricolor por 3 a 2 e virou a partida para o São Paulo. A torcida? Entrou em êxtase e passou a gritar o nome dos jogadores e a cantar o hino do clube.

Com 59 pontos, o São Paulo só depende de uma vitória sobre o Goiás, na última rodada do Campeonato Brasileiro, para ir à Libertadores. O Figueirense, após a derrota dolorida, permanece com 40 pontos e passa a ter maior risco de rebaixamento. Os catarinenses encerram a participação contra o Fluminense, em Florianópolis.

A partida

Após um início lento, sofrendo para sair jogar, o São Paulo usou da qualidade técnica de seus atacantes para sair do aperto. Pato roubou a bola pela esquerda, acionou Luis Fabiano e o centroavante tabelou com Ganso. Mesmo dominando na dividida com Thiago Heleno, o camisa 9 conseguiu se equilibrar e, com um chute forte de direita, venceu o goleiro Alex Muralha. Na comemoração, beijo no escudo do time que ele tem como segunda casa.

Depois de abrir o placar, o Tricolor chegou bem perto de conseguir o segundo gol, mas a má fase pareceu entrar em ação. No primeiro lance, Rodrigo Caio cabeceou na pequena área e carimbou a trave de Alex Muralha, que já estava batido. No segundo, Michel Bastos concluiu boa jogada de Ganso, mas o arqueiro catarinense segurou firme a finalização

Ganso e Luis Fabiano em ação na última partida do Fabuloso no Morumbi. (Foto: Adriano Vizoni / Folhapress)

Ganso e Luis Fabiano em ação na última partida do Fabuloso no Morumbi. (Foto: Adriano Vizoni / Folhapress)

Sem conseguir aproveitar seus dez minutos de bom futebol, o time da casa logo pagou pela péssima fase de sua zaga. Carlinhos e Lucão falharam, a bola chegou de Fabinho para Dudu e o avante deu um toque por cima de Rodrigo Caio para Clayton, livre por não ter sido acompanhado por Hudson. Denis ficou pregado embaixo das traves e aí ficou fácil para o bom atacante rival, que só tocou no canto e saiu para comemorar.

Essa foi a deixa para voltarem os protesto da torcida, acalmados desde então. Lucão, marcado pelas falhas no 6 a 1 ante o Corinthians, passou a ser vaiado a cada toque na bola. Hudson e Carlinhos, outros participantes do vexame, também ouviram alguns chiados ao tentarem jogadas, algo que persistiu forte até o intervalo.

Na etapa final, o tricolor não conseguiu mostrar qualquer reação tanto à boa tática defensiva do Figueira quanto às críticas da torcida, que pedia raça a equipe.

Assistindo ao desempenho ruim de seus comandantes, Milton Cruz foi para cima. Colocou Centurión e Alan Kardec no lugar de Pato e Bruno, respectivamente. Sempre efetivo, o camisa 14 não demorou muito a receber livre na frente de Muralha, mas acabou travado por Thiago Heleno na hora do chute. Quem não perdoou, no entanto, foi outro atleta de alto nível, apesar de dever muito na parte física. Carlos Alberto, ex-atleta até do próprio Tricolor, fora de forma, acertou lindo voleio após desvio de Marquinhos, que ganhou mais uma pelo alto na defesa são-paulina, fazendo um lindo gol.

Já impaciente, a torcida explodiu. Repetindo os gritos bradados do lado de fora do Morumbi, proferiu xingamentos a Pato, Michel Bastos e Lucão. Enquanto isso, os são-paulinos tentavam na sua técnica vencer a falta de confiança demonstrada a todo momento. Maior exemplo disso, Paulo Henrique Ganso quase marcou um golaço, mas seu chute colocado de direita, na entrada da área, apenas carimbou o travessão de Muralha.

Milton Cruz vibra com a virada heroica do tricolor diante do Figueirense. (Foto: Mauro Horita)

Milton Cruz vibra com a virada heroica do tricolor diante do Figueirense. (Foto: Mauro Horita)

Quando tudo parecia perdido, uma luz apareceu no fim do túnel com a cabeçada de Alan Kardec, no canto de Muralha. O gol pôs fogo no jogo, que podia ter ido para os dois lados. Com Rafael Bastos, o Figueira perdeu dentro da pequena área um gol feito. O Tricolor retomou a bola, foi ao ataque e errou um cruzamento. Thiago Mendes, melhor em campo entre os tricolores, chutou quase caído e acertou o canto de Muralha, de muito longe, encerrando uma tarde inesquecível para os são-paulinos