Na despedida de Kaká no Morumbi, goleirão erra e cede empate ao Figueira.

Por Paulo Edson Delazari
Rogério Ceni se desculpa com companheiros e torcedores. (Foto: Getty)

Rogério Ceni se desculpa com companheiros e torcedores. (Foto: Getty)

No ano passado o São Paulo brigou o ano inteiro para não cair de divisão, porém neste domingo no Morumbi o cenário era totalmente controverso, O tricolor recebeu o Figueirense e empatou em 1 a 1 após erro do goleiro Rogério Ceni em uma saída com os pés, após péssimo recuo de Edson Silva, que momentos antes marcou para o São Paulo.

A partida desta tarde marcava a despedida do meia Kaká e a possibilidade da conquista do vice campeonato brasileiro, assim mais de 33 mil torcedores compareceram e empurraram o tricolor paulista e mesmo tendo empatado conquistou o vice brasileiro. Com 70 pontos, o tricolor não pode mais ser alcançado, garantindo a vaga para a fase de grupos da Libertadores, sem precisar passar pelo mata-mata.

Para os catarinenses, no entanto, a partida já tinha pouca importância. Agora com 47 pontos, a equipe comandanda por Argel Fucks não briga mais por nada nesta temporada, ocupando o décimo segundo lugar na classificação. Há um ano, aliás, o time subia para a primeira divisão.

Antes de ser vilão do placar, em um grande gesto, o goleiro havia dado sua faixa de capitão para Kaká, que deixa o tricolor no fim do ano para defender o Orlando City, dos Estados Unidos, como já era previsto desde a sua chegada.

“Agradeço a ele pela faixa e lhe dou os parabéns pela renovação de contrato. Ao longo dos últimos dias, soube que seria meu último jogo no Morumbi”, disse o meia.

O jogador foi substituído aos 37 minutos do segundo tempo, recebendo todo o agradecimento dos mais de 33 mil torcedores presentes no Morumbi. Ele fez questão de chegar pertos das arquibancadas, de onde vinham os gritos de “Ole ole ole olá, Kaká, Kaká”.

Daqui a uma semana, pela última rodada da competição, o São Paulo visitará o Sport, ao passo que o Figueirense jogará como mandante contra o Internacional, em Chapecó.

O jogo

Kaká se despede do Morumbi, após boa contribuição a equipe ao longo de 2014. (Foto: Getty).

Kaká se despede do Morumbi, após boa contribuição a equipe ao longo de 2014. (Foto: Getty).

Com a renovação de contrato de Rogério Ceni, a festa preparada para este domingo foi quase exclusiva a Kaká, que fazia sua última partida no estádio antes de se apresentar ao Orlando City – a despedida do meia será daqui a uma semana, no Recife. Mas o aniversariante Muricy Ramalho também não foi esquecido. Em vez de gritar apenas o nome do treinador, a torcida cantou parabéns e o surpreendeu.

Quarenta e cinco minutos depois, a animação daria lugar a um princípio de vaia na arquibancada. No primeiro tempo, nem Kaká nem o restante do time confirmaram a expectativa de um bom jogo. “Foi morno”, resumiu Paulo Henrique Ganso, um dos são-paulinos mais ligados até o intervalo, ao lado do zagueiro Rafael Toloi, que errou pênalti no meio de semana, na eliminação na Copa Sul-americana, mas tem tido boas atuações em sequência.

Alan Kardec, outro a desperdiçar cobrança na disputa de pênaltis contra o Atlético Nacional, foi quem apareceu pela primeira vez com perigo pelo time da casa. Aos 12 minutos, o atacante saltou com liberdade para desviar de cabeça um cruzamento vindo da esquerda, mas não alcançou a bola. Quatro minutos depois, foi a vez de ele cruzar para Kaká, do outro lado da área, finalizar cruzado, paralelamente à meta defendida pelo goleiro Tiago Volpi.

O Figueirense tinha alguma velocidade, mas igualmente pouca criação. A não ser em uma tentativa sem sucesso do ataque de encobri-lo, Rogério Ceni pouco se preocupou ao longo da primeira etapa. A grande chance catarinense veio apenas aos 41 minutos, no momento em que França se livrou de Edson Silva na velocidade e invadiu a área pela linha de fundo.

O goleiro são-paulino supôs que o lance terminasse em cruzamento e acabou se atirando para o meio da área, porém o volante arriscou cruzado e errou.

Foi então que se ouviram os primeiros ruídos em um dos setores do estádio. Em contrapartida, na arquibancada detrás de Tiago Volpi, a torcida tricolor chegou a gritar gol antes do intervalo, em uma falta cobrada por Rafael Toloi que tocou a rede, já fora de campo. Antes disso, o zagueiro já tinha tentado marcar em outra bola parada, sendo parado pelo goleiro do Figueirense.

Para mudar o cenário, Muricy não fez nenhuma substituição no intervalo. Pediu apenas para que o gramado fosse molhado. Coincidência ou não, a partida ficou muito mais movimentada. Logo aos três minutos, em contra-ataque de dois jogadores contra um, Marcão fintou Edson Silva dentro da área e rolou para Pablo, de frente para Rogério Ceni, acertar o travessão. A resposta veio em dois minutos: Kaká tentou drible na linha de fundo, adiantou demais e deixou para Luis Fabiano arrematar cruzado para fora.

Aos nove, William disparou pela ponta direita, nas costas de Álvaro Pereira – substituído mais tarde por Reinaldo -, invadiu a área e bateu rente à trave. No minuto seguinte, o travessão salvou o Figueirense, quando Luis Fabiano arriscou da entrada da área. Depois disso, foram quase 15 minutos de domínio absoluto da equipe visitante, com pelo menos quatro chegadas com perigo à grande área.

O São Paulo contaria com ajuda externa para se recolocar no jogo. Aos 22 minutos, quando assinalado pênalti a favor do Fluminense contra o Corinthians, foi anunciada a vitória parcial do time carioca por 3 a 1, e a torcida são-paulina se contagiou. Convertida a penalidade dois minutos depois, o quarto gol no Maracanã empolgou ainda mais e, imediatamente, o São Paulo abriu o placar: Edson Silva aproveitou cobrança de escanteio pelo lado direito e tirou a bola do alcance de Tiago Volpi.

Aos 31 minutos, a expulsão de William em tese facilitaria a missão de segurar a vitória. Com um a mais em campo, Muricy colocou Alexandre Pato para que Kaká saísse aplaudido pela torcida e abraçado por Rogério Ceni. O treinador só não esperava que, mais tarde, o goleiro errasse uma tentativa de dar um chapéu de fora da área e permitisse Mazola empatar. A derrota só não veio porque, aos 44, o mesmo atacante acertou a trave esquerda em mais um contrataque surpreendente da equipe catarinense.

FICHA TÉCNICA:
SÃO PAULO 1 X 1 FIGUEIRENSE

Local: Estádio do Morumbi, em São Paulo (SP)
Data: 30 de novembro de 2014, domingo
Horário: 17 horas (de Brasília)
Árbitro: Antonio Denival de Morais (PR)
Assistentes: Ivan Carlos Bohn e Rafael Trombeta (ambos do PR)
Cartões amarelos: William Cordeio, Mazola e Dener
(Figueirense) ; Álvaro Pereira e Ganso (São Paulo)
Cartões vermelhos: William Cordeiro (Figueirense)
Gols: Edson Silva, aos 25 minutos do ST (São Paulo) e Mazola, aos 39 minutos do ST

SÃO PAULO: Ceni; Auro, Rafael Toloi, Edson Silva e Álvaro Pereira (Reinaldo); Denilson, Hudson, Ganso e Kaká (Alexandre Pato); Alan Kardec (Osvaldo) e Luis Fabiano
Técnico: Muricy Ramalho

FIGUEIRENSE: Tiago Volpi; William Cordeiro, Nirley, Thiago Heleno e Marquinhos Pedroso; Dener, França (Rivaldo) (Yago), Marco Antônio e Felipe; Pablo (Mazola) e Marcão
Técnico: Argel Fucks