TCU informou o aumento do custo das obras para Copa do Mundo de 2014 em mais de R$ 4 bilhões.

Por Paulo Edson Delazari

Estádio do MAracanã em Obra 75% concluido.(Foto: Divulgação FIFA)

Piada de mau gosto! Assim podem-se definir os preparativos para Copa do Mundo de 2014. Só para variar, a verba estimada para os gastos relativos a obras ficaram acima do esperado em 14,7%, aumentando o valor de R$ 23,8 bilhões; última estimativa (2011), para R$ 27,3 bilhões, segundo Tribunal de Contas da União (TCU).

Os dados foram retirados da “Matriz de Responsabilidades”, documento periodicamente atualizado que estipula a responsabilidade dos governos federal, estaduais e municipais, além de parceiros privados, no pagamento e execução de obras de construção ou reforma de estádios, aeroportos, portos, além de investimentos em mobilidade urbana, turismo e telecomunicações.

A diferença, de R$ 3,5 bilhões, foi alavancada, principalmente, pela reestimativa dos investimentos em aeroportos, com acréscimo de R$ 1,77 bilhão; e nos estádios, cujo valor das obras cresceu R$ 1,13 bilhão. O investimento em portos cresceu R$ 158 milhões. Apenas os valores injetados em mobilidade urbana foram revistos para baixo: caíram em R$ 123 milhões.

Parte do acréscimo ocorreu ainda pela adição dos investimentos em turismo (R$ 212 milhões) e telecomunicações (R$ 371 milhões), que, em 2011, que estavam na conta de 2011.

Do novo valor global, de R$ 27,3 bilhões, R$ 16,2 bi vêm dos cofres do governo federal (em investimentos diretos ou financiamento); R$ 6,7 bi dos governos locais; e R$ 4,2 bi da iniciativa privada.

Desculpas para o” ROMBO”

O levantamento do TCU, relatado pelo ministro Valmir Campelo, aponta diversos fatores para o aumento dos preços. Em muitos casos, os projetos das obras apresentam estimativas de preços desatualizadas, abaixo do que o mercado cobra. Vários empreendimentos acabam precisando de ajustes não previstos, com aditivos contratuais que o tornam mais caro. Há também situações em que um atraso no andamento das obras acaba tornando o serviço mais caro depois.

Na avaliação de Campelo, porém, o acréscimo não leva a concluir que houve um “estouro nos orçamentos”. Isso, porque, boa parte do aumento deve-se a investimentos que não estavam previstos inicialmente.

O caso mais emblemático apontado é o estádio do Itaquerão, orçado em R$ 820 milhões. Em 2011, quando foi feita primeira versão da matriz, imaginava-se que o estádio que receberia os jogos em São Paulo seria o Morumbi.

Outros R$ 225 milhões referem-se a acréscimos nos estádios Beira-Rio (Porto Alegre) e Arena da Baixada (Curitiba), tocados pela iniciativa privada. Mais R$ 156 milhões em aumentos provêm de Parcerias Público-Privadas, que conjugam dinheiro público e particular.

Nos aeroportos, área em que houve maior incremento nos custos, o relatório aponta que isso se deve às obras em São Paulo. “Houve ampliação do escopo dos investimentos, nomeadamente em função das recentes concessões dos aeroportos de Viracopos e Guarulhos. Outro plano de investimentos foi idealizado. Também foi nova a decisão de construir o Terminal de Passageiros 4, em Guarulhos”, diz o documento.

Com a diferença do gasto a maior de R$4 bilhões seria possível construir cerca de 200 escolas de 10 andares cada, com capacidade de 80 salas, podendo atender cerca de 3200 alunos, segundo estudo elaborado pela Escola Politécnica da USP no Departamento de Engenharia de Construção Civil. O prazo da obra seguindo o cronograma do estudo seria de no máximo 80 dias, ou seja, desde quando foi divulgado que nosso país seria sede em 2008 até 2014, se usada toda a mão de obra que está sendo usada no estádio do Corinthians em São Paulo, todas as escolas estariam concluidas.