Em noite histórica, Galo vence no tempo normal e o camisa um garante o título nos pênaltis

Por Anderson Marinho

Não foi no Horto, o palco dessa vez foi Mineirão, mas a torcida atleticana fez a sua parte, com a maior renda da história do futebol brasileiro, empurrando o Galo durante os 120 minutos de bola rolando, sendo fundamental no triunfo por 2 a 0 contra o Olimpia do Paraguai durante o tempo regulamentar, sofrendo a cada defesa do arqueiro adversário na prorrogação e passando muita energia positiva na decisão por pênaltis, vencida pelo alvinegro por 4 a 3,  que garantiu o título da Taça Libertadores da América 2013 ao Clube Atlético Mineiro, o décimo time brasileiro a vencer a competição.

Goleiro Victor foi novamente o herói do Atlético-MG na decisão por pênaltis. Foto: AFP

Goleiro Victor foi novamente o herói do Atlético-MG na decisão por pênaltis. Foto: AFP

Em desvantagem, após a derrota por 2 a 0 em Assunção no jogo de ida, o Atlético-MG conseguiu igualar o resultado com gols de Jô e Leonardo Silva, levando a decisão para o tempo extra que terminou empatado em zero a zero. Nos pênaltis brilhou a estrela do goleiro Victor, que já havia sido decisivo nos duelos contra Tijuana e Newell’s Old Boys, o camisa um defendeu a primeira cobrança do time paraguaio e deu a tranquilidade necessária aos companheiros na sequência da disputa.

Com a Libertadores o Atlético-MG volta a conquistar um título de expressão após 42 anos, o clube foi o primeiro campeão brasileiro nos moldes atuais de disputa em 1971, durante esse período só havia vencido campeonatos estaduais e duas Copas Conmebol, em 1992 e 1997, quebrando um tabu histórico.

O jogo

A atuação do Atlético-MG na etapa inicial foi marcada pela insistência nas jogadas aéreas, abusando dos lançamentos longos à procura do centroavante Jô e nas subidas pela ponta direita com o lateral Michel, que acabavam em cruzamentos, o Galo pouco criou e quase não levou ricos à defesa adversária.

O Olimpia entrou em campo fechado, sem dar espaços para os homens de criação do Atlético, e mesmo recuado o time paraguaio levou perigo nos mementos em que adiantou a sua marcação, dificultando a saída de bola do Galo, e teve duas finalizações no primeiro tempo. Com Bareiro, aos 15 minutos, em chute rasteiro defendido por Victor e aos 33 num arremate de Alejandro Silva para mais uma defesa segura do arqueiro atleticano.

Etapa Complemantar

O Atlético-MG retornou para o segundo tempo com Rosinei na vaga de Pierre.

E o intervalo perece fez bem aos comandados do técnico Cuca, mais solto o time partiu pra cima nos minutos iniciais em busca do resultado, e a pressão pelo primeiro gol surtiu efeito.

Em sua primeira participação no jogo, Rosinei avançou pela direita e fez o cruzamento, o zagueiro Pittoni furou e na sobra Jô, mesmo caído, finalizou no canto direito do goleiro para marcar o seu sétimo gol no torneio.

Jô comemora o primeiro gol do Galo. Foto: Ricardo Matsukawa / Terra

Jô comemora o primeiro gol do Galo. Foto: Ricardo Matsukawa / Terra

O gol logo no inicio incendiou o Atlético-MG, três minutos depois, Rosinei disparou em velocidade pela direita e cruzou no segundo pau, Diego Tardelli chegou batendo firme e obrigou Martín Silva a fazer uma grande defesa, no rebote Jô cabeceou para fora.

A dupla Michel e Rosinei seguiu dando trabalho para a marcação paraguaia. Aos nove, Rosinei acionou Jô na entrada da área, o atacante girou e encheu o pé para grande defesa de Martín Silva, na sobra o próprio Jô emendou de primeira, por cima do gol.

 Aos 15 minutos Michel, mais uma vez pelo lado direito, cruzou, Leonardo Silva subiu mais que a defesa e desviou de cabeça acertando o travessão.

Com a posse de bola na casa dos 70% o Atlético-MG seguia pressionando, mas encontrava dificuldades para furar o bloqueio do adversário e quando conseguia parava nas mãos do goleiro Martín Silva.

Aos 25 minutos, Junior César foi derrubado na intermediaria ofensiva. Na cobrança da falta, Ronaldinho fez o levantamento para Leonardo Silva, o zagueiro subiu livre e cabeceou firme para mais uma excelente defesa do arqueiro.

Após o lance o técnico Cuca promoveu a entrada de Alecsandro na vaga do lateral direito Michel, passando a atuar com três atacantes.

Aos 33, Ronaldinho dominou na entrada da área e bateu forte. A bola desviou na zaga paraguaia e Martín Silva faz ótima defesa. No rebote, Diego Tardelli isolou, desperdiçando uma chance inacreditável, mas arbitragem já havia marcado impedimento.

Essa foi a última participação do atacante que saiu de campo para a entrada de Guilherme.

Quatro minutos depois, Ferreyra teve a oportunidade de matar o jogo a favor do Olimpia. O meia recebeu ótimo passe em profundidade, driblou Victor, mas escorregou na hora do domínio e desperdiçou a bola do título.

Aos 39 minutos, Manzur derrubou Alecsandro na entrada da área, recebeu o segundo cartão amarelo e foi expulso pelo árbitro Wilmar Roldan, deixando os visitantes com um jogador a menos.

Leonardo Silva comemora com Alecsandro o segundo gol da partida. Foto: AFP

Leonardo Silva comemora com Alecsandro o segundo gol da partida. Foto: AFP

A pressão alvinegra surtiu efeito três minutos depois, após mais uma bola alçada na área adversária, Leonardo Silva subiu mais alto que os marcadores e desviou de cabeça para marcar o segundo gol atleticano e igualar o placar agregado em 2 a 2.

Prorrogação

Com o resultado nos noventa minutos a decisão foi para a prorrogação, e atuando com um homem a mais um Atlético-MG procurou manter o controle das ações, sem correr riscos, trocando passes e buscando espaços para chegar à defesa rival.

Aos 8 minutos, após cobrança de escanteio da direita, Réver subiu e testou firme, acertando a trave.  No lance seguinte Guilherme arriscou da entrada da área e Martín Silva espalmou por cima do travessão.

Goleiro uruguaio Martín Silva foi o destaque do Olimpia na partida. Foto: Ricardo Matsukawa / Terra

Goleiro uruguaio Martín Silva foi o destaque do Olimpia na partida. Foto: Ricardo Matsukawa / Terra

Quatro minutos depois Josué soltou uma bomba da intermediária e o arqueiro fez mais uma defesa espetacular evitando o terceiro gol atleticano.

Já nos 15 minutos finais do tempo extra o Olimpia se fechou ainda mais, segurando o resultado e não deu muitos espaços para a equipe brasileira.

Pelo Atlético-MG, Bernard, que apanhou muito durante a partida, sentiu o desgaste e com muitas câimbras se manteve em campo no sacrifício e pouco pode ajudar.

Aos 9 minutos um susto. Leonardo Silva derrubou Ferreyra na meia lua da grande área. Na cobrança Pittone, aquele marcou de falta o segundo gol paraguaio no Defensores Del Chaco, foi para a cobrança, e bateu com perigo, a bola saiu à direita da meta defendida por Victor que só fez o golpe de vista.

Alecsandro ainda teve uma oportunidade cara a cara com Martín Silva, mas o goleiro saiu bem no lance e o atacante ao deslocar o arqueiro acabou batendo para fora.

Pênaltis

E se Martín Silva salvou o Olimpia com a bola rolando, nas penalidades máximas brilhou a estrela de Victor, que defendeu uma cobrança e viu um dos rivais desperdiçar outra antes de comemorar.

Miranda foi o escolhido para abrir a série para o time paraguaio, mas bateu mal, no meio do gol, e Victor fez a defesa com o pé esquerdo.

Alecsandro bateu com segurança, se redimiu da disputa contra o Newell’s, e colocou o Galo à frente.

Ferreyra cobrou o segundo pênalti dos visitantes, Victor foi bem na bola e por pouco não fez uma nova defesa. Entretanto, Guilherme bateu com precisão no canto direito de Martín Silva para marcar o segundo dos brasileiros.

Candia bateu no meio e fez o segundo do paraguaios, mas Jô bateu com categoria, goleiro de um lado e bola do outro, fazendo o terceiro atleticano.

Na quarta cobrança do Olimpia, Aranda encheu o pé e manteve viva as esperanças paraguaias, mas Leonardo Silva mostrou que zagueiro também sabe bater pênalti e  jogou a pressão de volta para o lado rival.

Nos pés de Giménez estava a responsabilidade da última cobrança do tricampeão da Libertadores. O meia tomou muita distância, encheu o pé, e acertou o travessão. Atlético-MG 4 X 3 Olimpia.

"Ex-azarado" Cuca comemora a conquista da Libertadores. Foto: AP

“Ex-azarado” Cuca comemora a conquista da Libertadores. Foto: AP

Naquele instante o Mineirão explodiu de alegria e a América conheceu o seu novo dono.

Com méritos, em uma campanha repleta de emoções, Atlético-MG comandado pelo ex-azarado Cuca e com grandes atuações do craque Ronaldinho Gáucho, do artilheiro Jô, do garoto prodígio Bernard, de “São Victor” e de outros atletas que ficaram marcados na história do clube, conquistou pela primeira vez a Taça Libertadores da América.

O Galo agora volta às suas atenções para a disputa do Campeonato Brasileiro, onde ocupa a décima posição, com 10 pontos ganhos. E de cara a equipe terá pela frente o grande rival Cruzeiro, domingo às 16h00, também no Mineirão pela nona rodada do nacional.

FICHA TÉCNICA
ATLÉTICO-MG 2 (4) X (2) 0 OLIMPIA
Local: Mineirão, Belo Horizonte (MG)
Data/hora: 24/07/2013, às 21h50
Árbitro: Wilmar Roldan (COL)
Auxiliares: Humberto Clavijo e Eduardo Ruiz
GOLS:  Jô, 1’2ºT(1-0) e Leonardo Silva, 41’2ºT(2-0)
Cartões amarelos: Bernard,Luan (CAM), Benítez, Manzur, Silva e Giménez(OLI)
Cartões vermelhos: Manzur (OLI)
Público/Renda:  58.620 pessoas/R$14.176.000

ATLÉTICO-MG: Victor, Michel (Alecsandro, 26’2ºT), Réver, Leonardo Silva e Júnior César; Pierre (Rosinei, intervalo), Josué, Ronaldinho, Bernard; Diego Tardelli (34’2ºT) e Jô. Técnico: Cuca
OLIMPIA: Martín Silva; Salustiano Candía, Manzur, Ricardo Mazacotte, Hermínio Miranda e Benítez; Eduardo Aranda, Wilson Pittoni, Alejandro Silva (Giménez, 25’2ºT), Juan Manuel Salgueiro (Baez, 37’2ºT) e Fredy Bareiro (Ferreyra, intervalo). Técnico: Ever Almeida.